segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Fique por dentro da orquestra. Conheça o repertório atual da Camerata.

A formação utilizada pela Camerata hoje nos permite trabalhar uma grande parte do repertório escrito para música de câmara, indo desde peças do período barroco a composições modernas e contemporâneas. Por isso, o repertório da Camerata neste segundo semestre começa com o ilustre compositor Frederick Delius.

Frederick Delius (1862-1934)
   Nascido na Inglaterra da segunda metade do século XIX, em uma abastada família de mercadores, Delius passou a maior parte de sua vida na França, tendo viajado também para a Florida (aonde administrava uma plantação de laranjas), e escrito uma peça intitulada "I-Brasil". Sua obra é marcada pela influência da música afro-americana, e de compositores europeus como Wagner e Grieg, tendo como característica o uso de uma harmonia cromática. A camerata estará apresentando duas peças deste compositor moderno: "On Hearing the first cuckoo in Spring" e "Summer night on the river", ambas com gravações postadas a baixo:


Outro compositor que estaremos apresentando pela primeira vez na Camerata é o "austríaco" Franz Schubert. Não faremos uma peça completa deste compositor, mas levaremos ao palco um dos movimentos de sua sinfonia intitulada "Trágica", o andante da Sinfonia n. 4. Que será seguido pela Romanze da Sinfonia n.4 de Robert A. Schuman, ambos movimentos lentos e extremamente melódicos, com um característico tratamento dos timbres, como se pode esperar de um compositor do período romântico. Ouça as gravações a baixo:


Apesar de ter tido uma vida curta, morrendo aos  31 anos Franz Schubert (1727-1828) nos deixou um legado de mais de seiscentas obras, marcando o final do classicismo e início do romantismo com seu estilo lírico, melódico e imaginativo, bem expresso no segundo movimento de sua Sinfonia n.4.
    
Ao contrário de Schubert, Robert Schumann se caracterizou como um compositor romântico desde suas primeiras obras. Influenciado por Beethoven e Schubert dentre outros, apresenta uma música extremamente poética e imaginativa, sendo neste sentido herdeiro do estilo de Schubert, e também um grande compositor de canções.
Ainda neste repertório, a Camerata apresentará a Sinfonia n.70 de Joseph. Haydn, e dois movimentos do famoso balé "O lago dos cisnes" de Tchaikovsky.
Haydn, 1732-1809
Tendo uma vida excepcionalmente longa, principalmente para os padrões da época, Haydn foi o principal nome do classicismo vienense. Foi mestre de grandes compositores como Mozart e Beethoven, pai da forma no classicismo, e de formações instrumentais como a orquestra sinfônica e o quarteto de cordas. Deixando uma obra imensa de mais de 700 títulos, dentre eles 108 sinfonias e 83 quartetos de cordas. 


Dividida em 4 movimentos (Allegro-Andante-Minueto-Presto finale) a sinfonia n.70 é uma das poucas do compositor escrita em tom menor, e apresenta o uso característico do contraponto no moviento II (Andante) e IV (Presto finale).

Já o russo Pior Llitch Tchaikovsky se caracterizou como um compositor do auge do romantismo, tendo escrito operas, sinfonias, concertos e balés que demonstram o uso das longas passagens melódicas e dramáticas caras a música do compositor. Dentre suas obras mais famosas e executadas está o balé intitulado "O lago dos cisnes" que será apresentado neste programa. No entanto, esta obra não foi escrita para ser executada por uma camerata, mas sim por uma grande orquestra, por isso a Camerata apresentará apenas dois movimentos, que podem ser feitos com pequena instrumentação, ambos com gravações postadas a baixo:






No decorrer da programação deste segundo semestre o núcleo de cordas da Camerata abrirá alguns concertos com peças do período barroco como o Concerto Grosso em ré de Vivaldi, o Concerto n. 5 de Bandemburgo e o Concerto para dois violinos e orquestra em ré de J. S. Bach, dentre outras.









 As datas dos concertos são divulgadas no site da UNIFAL-MG e no Facebook da Camerata Theophillus, Prestigie!
http://www.unifal-mg.edu.br/portal/#

https://www.facebook.com/camerata.theophillus.3?fref=ts

sábado, 12 de julho de 2014

Música de camara

A música de câmara é provavelmente o "gênero" mais popular dentre os compositores eruditos. Diferente da ópera, ou da música coral, para os quais muitos compositores não deixaram nada escrito, é muito raro encontrar um compositor que não compôs para a música de câmara, afinal ela abrange uma série infinita de formações como trios, quartetos, quintetos, octetos, duos, e outros. Todas estas formações compostas por poucos músicos são consideradas camerísticas.

O termo "música de câmara" surge inicialmente para se referir às obras destinadas aos pequenos grupos que tocavam nas câmaras dos palácios. Diferente das formações orquestrais, que tiveram sua composição instrumental cada vez mais definida e metricamente organizada, os grupos de câmara até hoje apresentam maior liberdade, assumindo formações diversificadas. Algumas delas se tornaram clássicas na música de câmara, como os quartetos de cordas; compostos por um primeiro violino, um segundo violino, uma viola e um violoncelo; os quintetos de sopro, compostos por uma flauta, um oboé, uma clarineta, um fagote e uma trompa; ou ainda os piano trios, compostos por um violino, um violoncelo e um piano.    
O projeto Camerata Theophillus traz ao público um vasto repertório, utilizando estas inúmeras formações camerísticas. Sua formação atual é de 3 primeiros violinos, 3 segundos violinos, 2 violas, 2 violoncelos, 1 contrabaixo, 2 flautas, 1 oboé, 2 clarinetas e 1 fagote, mas seus integrantes também formam quartetos, duos, trios, e outros grupos que permitam a produção de música de câmara.
Escrito por Bruno A. Ribeiro
  

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Conhecendo o Projeto. Um breve histórico.

Criada em 2008 como um grupo de estudos da Orquestra filarmônica livre de Alfenas (OFLA) a Camerata era inicialmente formada por oito membros: dois primeiros violinos, dois segundos violinos, um violista, dois violoncelistas e um flautista. Foi em julho deste mesmo ano que o grupo recebeu como seu regente o maestro Thiago Moraes, e fez seu primeiro concerto, no Teatro Dr. João Leão de Faria da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), tocando peças canônicas do repertório erudito como a serenata k.525 de Mozart, e acompanhando cantores convidados de São João Del Rei em arias e movimentos de Stabat Maters. O sucesso deste primeiro trabalho e a disposição dos músicos envolvidos em continuá-lo e expandi-lo fez com que o grupo procurasse a Universidade Federal de Alfenas, dando assim início em 2009 ao projeto de extensão Camerata Theophillus.
 Nos primeiros dois anos de sua existência, o projeto consistiu justamente em continuar o trabalho iniciado em 2008, ou seja: a formação de um grupo de camara que se dedicasse tanto ao estudo e aprimoramento técnico/artístico de seus integrantes como a produção de repertório e, consequentemente, de público.  
Camerata Theophillus. Alfenas, 2009
Recebendo membros da comunidade interna e externa a Universidade, a Camerata realizou nestes primeiros dois anos uma série de 32 concertos, apresentados em Alfenas, Paraguaçu, Machado, e Campos Gerais. O número de integrantes subiu de oito para quatorze até outubro de 2010, dando assim origem a novos grupos no projeto, como o quarteto de cordas, que se apresentou pela primeira vez em setembro deste mesmo ano.
A chegada de novos integrantes e o crescimento técnico/artístico experimentado pelos antigos membros levam o projeto a criar atividades didáticas como as oficinas, trazendo músicos convidados para ministrar palestras e master classes instrumentais. A primeira oficina foi realizada em fevereiro de 2011, com o título "O processo de otimização musical", e teve como convidados o violinista Bel Ribeiro (UFSCAR) e o violoncelista Guilherme Venturato Custódio. O evento foi destinado não apenas aos membros da camerata, mas a toda a comunidade, e trouce novos integrantes para o projeto que neste momento chegam a dezenove pessoas.
      
Quarteto de cordas do projeto. Alfenas, 2010
  No entanto, mesmo com a chegada de novos integrantes o projeto enfrentava os mesmos e velhos problemas que toda orquestra ou grupo de camara de uma cidade do interior no Brasil: a falta de pessoas capacitadas para chefiar e, as vezes, compor os naipes. A música de camara usa poucos instrumentos, e por isso era ideal para um projeto como este em uma cidade com pouca tradição em música erudita, mas ela demanda de seus integrantes um nível técnico mais auto do que os repertórios para outras formações. Além disso, por ser um projeto de extensão o número de integrantes variava muito, visto que grande parte dos alunos da universidade que integravam o projeto não eram de Alfenas, e quando terminavam seus cursos voltavam para suas cidades, ou iam começar suas carreiras. Percebemos que a única maneira de mantermos a camerata funcionando seria produzindo nos mesmos os músicos que para integrá-la. 
É importante ressaltar que a partir de então o projeto passa a ser algo muito maior do que foi em 2009 e 2010, porque deixa de ser um local de estudo destinado apenas para os músicos da região, e passa a ser também um local de formação de/para novos músicos,  proporcionando um novo aprendizado aos membros da Camerata que agora vão lecionar e monitorar para aqueles que estão começando em seus instrumentos. Para além disso, surge a possibilidade de se formar instrumentistas que não existiam na região, como oboístas, fagotistas, e outros que eram raros como contrabaxistas e violistas.
Aula de violino. 2011
Foi então que, por meio de uma parceria entre a Pro-reitoria de extensão da Universidade Federal de Alfenas e a Associação comercial e industrial de Alfenas (ACIA) se criou a Orquestra Experimental. Um grupo que serviria como "orquestra escola" do projeto,  permitindo o acolhimento de qualquer instrumentista interessado, em aprender ou praticar. Em setembro de 2011 foi feita a segunda oficina do projeto. Com o título "Música e sociedade" o evento durou quatro dias e teve em sua programação uma mesa redonda composta por professores do curso de história da UNIFAL-MG, e master classes instrumentais com
o violinista Bel Ribeiro, o violoncelista Alessandro Franceschini, o violonista Rafael Avila, a flautista Marina Ulian, o maestro e cantor Thiago Maraes, o violinista Bruno A. Ribeiro, o clarinetista Gean Lucas Silva, e o pianista Marcelo Leite Jr. produzindo também uma série de quatro concertos com alunos, professores e convidados da Oficina. O aumento das atividades oferecidas nesta oficina demonstra como o projeto cresceu e mudou em 2011. Afim de possibilitar a qualquer interessado estudar música, independente de seu poder aquisitivo, a universidade comprou em novembro deste mesmo ano instrumentos para serem locados pelos candidatos que não pudessem comprar os seus próprios, abrindo no projeto duas classes de violino, uma classe de viola, uma classe de violoncelo, uma classe de contrabaixo, uma classe de oboé, uma classe de fagote, uma classe de clarineta, uma classe de trompete, uma classe de flauta, e uma classe de violão (que posteriormente deu origem a orquestra de violões da UNIFAL-MG).
Camerata Theophillus. Concerto; Alfenas, 2012
       Em 2012 o projeto recebe os novos integrantes e alunos, tendo agora uma formação com cordas e sopro, incluindo oboé e fagote, e totalizando 36 integrantes entre Camerata e Orquestra Experimental. Novos grupos são criados como a Orquestra Barroca, e os grupos de camara avançados sob a direção do violinista Bruno Araujo Ribeiro. Composta apenas por cordas a Orquestra Barroca se dedica ao estudo do repertório composto no período barroco. Já os grupos de camara avançados variam sua formação de acordo com o repertório, em 2012     
Oficina de confecção de palhetas.
 trabalhou com o piano trio Triunvirato composto por músicos do projeto como o violoncelista Guilherme Venturato, o violinista Bruno A. Ribeiro e convidados como o o pianista José Renato Furtado. no mesmo ano foram realizados 2 master classes instrumentais, uma oficina, e 16 concertos. 
Em 2013, já tendo consolidado os grupos Camerata, Orquestra Experimental e Orquestra Barroca o projeto totalizou 48 integrantes.
Foram produzidas duas oficinas, e uma série de 22 concertos, sendo alguns deles em importantes eventos como o Festival Itajubense de Cultura (FICA), o Festival de inverno de São Sebastião da Bela Vista, e o Natal no Campus da Universidade Federal de Itajuba (UNIFEI). Foi realizada uma oficina de cordas e concertos com músicos que passaram pela pelo projeto, e que hoje estão em cursos de graduação em música de instituições como UNICAMP e UFMG.  
Neste ano de 2014 o projeto criou o Coro Sinfônico, 
Orquestra experimental. Alfenas 2012
que está trabalhando junto a Orquestra experimental, e completando 5 anos,  traz com ele muita história, resultados e uma programação especial. Ao todo 54 pessoas passaram pelo projeto nestes 5 anos, e 44 pessoas o integram atualmente, estudando e produzindo música na Orquestra Experimental, Coro Sinfônico, Quarteto de Madeiras, e Camerata Theophillus. 
Escrito por Bruno A. Ribeiro.